Busca e Apreensão de Veículo: Entenda o Processo
Está preocupado com a notificação de busca e apreensão do seu carro? Neste artigo, descubra como funciona esse processo de busca e apreensão de veículo, seus direitos e o que fazer para evitar ou reverter essa situação. Proteja seu patrimônio agora!


O que é a Busca e Apreensão de Veículo?
A busca e apreensão é uma ação judicial prevista no Decreto-Lei 911/69, que permite ao credor (geralmente bancos ou financeiras) retomar um veículo que foi dado como garantia em um contrato de alienação fiduciária quando o devedor está inadimplente.
Em termos simples: quando você financia um carro, ele fica "alienado" ao banco até a última parcela ser quitada. Se você deixa de pagar, o banco pode ingressar na Justiça para reaver o veículo.
Diferença entre Alienação Fiduciária e Leasing
É importante entender essa diferença, pois o processo pode variar:
Alienação Fiduciária: Você é o proprietário do veículo, mas ele fica como garantia da dívida. Está no seu nome, mas com restrição no documento. É o modelo mais comum de financiamento de veículos.
Leasing (Arrendamento Mercantil): O banco é o proprietário do veículo durante o contrato. Você paga para usar o carro e só se torna dono ao final, se exercer a opção de compra.
Ambos podem resultar em busca e apreensão, mas os procedimentos legais têm algumas particularidades.
Quando o Banco pode Buscar seu Carro?
Não basta atrasar uma parcela para o banco tomar seu carro. Existem requisitos legais que precisam ser cumpridos:
1. Mora Qualificada
O devedor precisa estar em "mora", ou seja, atrasado no pagamento. Mas não é qualquer atraso. A jurisprudência consolidada exige que haja inadimplência de parcelas que representem valor significativo da dívida.
Na prática, a maioria dos bancos aguarda o atraso de pelo menos 2 a 3 parcelas consecutivas antes de ingressar com a ação.
2. Notificação Extrajudicial Prévia
Antes de entrar na Justiça, o banco é obrigado a enviar uma notificação extrajudicial (por meio de Cartório) informando sobre o atraso e concedendo prazo para regularização. Esta notificação é chamada de "constituição em mora".
Sem essa notificação prévia, a ação judicial pode ser considerada nula.
3. Contrato de Alienação Fiduciária Válido
O banco precisa ter um contrato válido de alienação fiduciária, devidamente registrado no órgão de trânsito (Detran), comprovando que o veículo é garantia da dívida.
Como funciona o processo de Busca e Apreensão?
O processo judicial segue etapas específicas. Entender cada uma delas é essencial para saber em que momento você pode (e deve) agir.
Fase 1: Petição Inicial e Liminar
O banco entra com a ação de busca e apreensão na Justiça, apresentando o contrato, comprovante de notificação extrajudicial e demonstrativo da dívida.
O juiz analisa os documentos e, se estiverem em ordem, concede uma liminar de busca e apreensão. Isso significa que o oficial de justiça pode buscar o veículo imediatamente, sem ouvir você antes.
Fase 2: Cumprimento da Liminar
Com a liminar em mãos, o oficial de justiça, acompanhado ou não de força policial, localiza o veículo e faz a apreensão. O carro fica depositado em nome do banco ou em pátio credenciado.
Neste momento, você recebe a citação, que é a comunicação oficial de que existe uma ação judicial contra você.
Fase 3: Prazo para Purga da Mora
Após a citação (ou a apreensão do veículo, o que ocorrer primeiro), você tem 5 dias úteis para fazer a "purga da mora", que significa pagar todas as parcelas atrasadas, acrescidas de juros, correção monetária, honorários advocatícios e custas processuais.
Se você pagar a purga no prazo, recupera o veículo e o contrato volta ao normal, como se nada tivesse acontecido.
Fase 4: Contestação
Se você não puder ou não quiser pagar a purga da mora, tem 15 dias (contados da juntada aos autos do mandado cumprido ou da sua intimação) para apresentar contestação, que é sua defesa no processo.
Na contestação, seu advogado pode alegar diversas questões:
Cláusulas abusivas no contrato
Juros acima do permitido
Cobrança de tarifas ilegais
Vícios no processo (falta de notificação válida, por exemplo)
Pagamentos que não foram considerados
Fase 5: Sentença e Leilão
Se você não fizer a purga da mora nem contestar (ou se sua contestação for rejeitada), o juiz profere sentença confirmando a busca e apreensão. O veículo é então avaliado e levado a leilão público.
O valor arrecadado no leilão é usado para pagar a dívida. Se sobrar algo, você recebe o restante. Se faltar, você continua devendo a diferença ao banco.
Quantas Parcelas atrasadas levam à Busca e Apreensão?
Não existe um número exato definido em lei. No entanto, a prática bancária e a jurisprudência indicam:
2 parcelas consecutivas: Já é suficiente para caracterizar inadimplência significativa em muitos contratos
3 parcelas ou mais: Praticamente todos os bancos consideram suficiente para ajuizar a ação
Valor equivalente a 10% ou mais do total financiado: Alguns contratos estabelecem esse critério
O mais importante: se você está atrasado, o risco existe. Quanto mais tempo passar, maior a chance de o banco ingressar com a ação.
Seus Direitos no Processo de Busca e Apreensão
Muitas pessoas acreditam que, ao atrasar parcelas, perderam todos os direitos sobre o veículo. Isso não é verdade. A lei garante diversos direitos aos consumidores:
1. Direito à Notificação Prévia
Você tem direito de ser notificado extrajudicialmente antes do ajuizamento da ação. Se isso não ocorreu, a ação pode ser anulada.
2. Direito de Purgar a Mora
Mesmo após o veículo ser apreendido, você tem 5 dias úteis para pagar todas as parcelas vencidas e recuperar o carro.
3. Direito de Contestar
Você pode apresentar defesa questionando cláusulas abusivas, juros excessivos, tarifas ilegais e outras irregularidades do contrato.
4. Direito ao Saldo do Leilão
Se o veículo for leiloado por valor superior à dívida, você tem direito de receber a diferença.
5. Direito à Revisão Contratual
Você pode pedir a revisão judicial do contrato para afastar cobranças abusivas e reduzir o valor devido.
6. Proteção do Código de Defesa do Consumidor
Todo o processo está sujeito às regras do CDC, que protegem o consumidor contra abusos e práticas desleais.
O Que Fazer Se Você Recebeu Notificação de Busca e Apreensão
Se você já recebeu a notificação ou a citação da ação judicial, é fundamental agir rapidamente. Os prazos são curtos e perder esses prazos pode significar perder o veículo definitivamente.
Ações Imediatas:
Não ignore a notificação: Muitas pessoas ficam com medo e guardam o documento sem ler. Isso é o pior que você pode fazer.
Calcule o valor da purga da mora: Verifique quanto você precisa pagar para regularizar a situação. Seu advogado pode fazer esse cálculo com precisão.
Analise o contrato: Há muitos contratos com cláusulas abusivas que podem ser questionadas judicialmente. Um advogado especializado pode identificar essas irregularidades.
Avalie a viabilidade de contestação: Dependendo do seu caso, pode ser mais vantajoso contestar a ação do que pagar a purga.
Busque orientação jurídica especializada: Um advogado com experiência em busca e apreensão pode avaliar a melhor estratégia para o seu caso específico.
Erros Comuns Que Você Deve Evita
1. Esconder o Veículo
Algumas pessoas tentam esconder o carro para dificultar a busca e apreensão. Isso pode configurar crime de fraude à execução e piorar muito sua situação judicial.
2. Deixar o Prazo Vencer
Os 5 dias para purgar a mora passam rapidamente. Deixar esse prazo vencer sem agir significa perder a oportunidade mais fácil de recuperar o veículo.
3. Tentar Negociar Diretamente com o Banco Durante o Processo
Uma vez iniciado o processo judicial, a negociação direta com o banco fica muito limitada. É melhor trabalhar através dos canais jurídicos adequados.
4. Não Guardar Comprovantes de Pagamento
Todas as parcelas pagas devem ser comprovadas. Há casos em que o banco cobra parcelas que já foram quitadas. Mantenha todos os comprovantes organizados.
5. Aceitar Qualquer Proposta de Acordo
Algumas propostas de acordo podem ser ainda mais prejudiciais que o próprio processo. Sempre consulte um advogado antes de aceitar qualquer acordo.
Quando Vale a Pena Contestar a Busca e Apreensão?
A contestação é recomendada especialmente quando:
Existem cláusulas abusivas no contrato: Juros capitalizados, tarifas indevidas, seguro obrigatório em valores exorbitantes
Houve falha na notificação extrajudicial: Endereço incorreto, falta de comprovação de recebimento
Você tem comprovantes de pagamento não considerados: O banco cobra parcelas que você já pagou
O valor cobrado está muito acima do devido: Erro de cálculo, cobrança de encargos não previstos
Há vícios no contrato: Assinatura falsificada, documentos adulterados (casos raros, mas acontecem)
Um advogado especializado pode analisar seu contrato gratuitamente e identificar se há fundamentos para uma contestação bem-sucedida.
Busca e Apreensão Durante a Pandemia: Mudanças Importantes
Durante a pandemia de COVID-19, o Judiciário adotou algumas medidas temporárias que impactaram os processos de busca e apreensão:
Suspensão de cumprimento de liminares em alguns períodos
Maior flexibilização para negociações e acordos
Possibilidade de audiências e manifestações por videoconferência
Embora muitas dessas medidas tenham sido revogadas, algumas práticas permaneceram, como a facilitação de acordos e a realização de atos processuais de forma digital.
Alternativas à Busca e Apreensão
Se você está com dificuldades para pagar as parcelas mas ainda não recebeu notificação judicial, existem alternativas que podem evitar a busca e apreensão:
1. Renegociação com o Banco
Muitos bancos oferecem programas de renegociação com redução de juros, carência ou alongamento do prazo. Entre em contato antes que a situação se agrave.
2. Portabilidade do Financiamento
Se conseguir encontrar um banco com melhores condições, você pode transferir seu financiamento. Isso pode reduzir a parcela mensal.
3. Venda do Veículo
Se não há mais condições de manter o financiamento, vender o veículo pode ser a melhor opção. O valor da venda quita a dívida e você evita problemas judiciais.
4. Refinanciamento
Algumas instituições oferecem refinanciamento do saldo devedor com novas condições de pagamento.
5. Revisão Judicial Preventiva
Mesmo antes de haver inadimplência, você pode ingressar com ação judicial para revisar cláusulas abusivas do contrato e reduzir o valor das parcelas.
Quanto Custa a Defesa em Busca e Apreensão?
Os custos variam conforme a complexidade do caso, mas geralmente envolvem:
Honorários advocatícios: Podem ser cobrados de forma fixa ou como percentual do valor da causa
Custas judiciais: Taxas de distribuição da ação (se você for propor alguma ação própria)
Perícias: Se necessário comprovar cálculos ou questões técnicas
No entanto, muitos escritórios especializados oferecem:
Consulta inicial gratuita
Análise contratual sem custo
Possibilidade de pagamento parcelado dos honorários
Trabalho em regime de êxito (você só paga se ganhar)
O investimento em uma boa defesa pode resultar na recuperação do veículo ou redução significativa da dívida, compensando os custos.
Como Evitar a Busca e Apreensão No Futuro
Prevenir é sempre melhor que remediar. Algumas dicas para evitar problemas futuros:
Leia todo o contrato antes de assinar: Entenda exatamente o que está contratando, especialmente as taxas de juros e encargos
Mantenha uma reserva financeira: Ter o equivalente a 3-6 meses de parcelas guardadas pode salvar seu patrimônio em caso de imprevistos
Comunique-se com o banco ao primeiro sinal de dificuldade: Não espere acumular atrasos. Bancos costumam ser mais flexíveis quando você procura ajuda cedo
Revise seu orçamento regularmente: Certifique-se de que a parcela do carro não compromete mais de 20-25% da sua renda
Considere contratar apenas o essencial: Muitos financiamentos incluem seguros e serviços desnecessários que encarecem a parcela
Guarde todos os comprovantes: Mantenha organizado todos os documentos relacionados ao financiamento
Conclusão
A busca e apreensão de veículo é um processo sério, mas você não está desamparado. A lei garante diversos direitos e oportunidades de defesa ao consumidor.
O mais importante é agir rapidamente ao primeiro sinal de problema. Seja atraso nas parcelas, recebimento de notificação extrajudicial ou citação judicial, quanto antes você buscar orientação especializada, maiores suas chances de manter seu veículo ou, ao menos, minimizar os prejuízos.
Lembre-se: os prazos são curtos (5 dias para purga, 15 dias para contestação) e não podem ser perdidos. Um advogado especializado em busca e apreensão pode fazer toda a diferença entre manter seu carro ou perdê-lo definitivamente.
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