Direitos em Emergências Médicas no Plano de Saúde
Entenda seus direitos em emergências médicas no plano de saúde, incluindo prazos de atendimento, carências obrigatórias e como agir em caso de negativa. Conheça seus direitos e proteja-se adequadamente.
DIREITO SAÚDE SUPLEMENTAR


Em situações de emergência ou urgência médica, cada minuto conta. Conhecer seus direitos no plano de saúde pode fazer toda a diferença entre receber o atendimento adequado ou enfrentar negativas que colocam sua vida em risco.
O Que São Emergência e Urgência Médica?
Antes de entender seus direitos, é fundamental diferenciar esses dois conceitos:
Emergência Médica Situação que implica risco imediato de morte ou lesão irreparável ao paciente, exigindo atendimento médico imediato. Exemplos: infarto agudo do miocárdio, AVC, traumatismo craniano grave, hemorragias intensas, dificuldade respiratória grave.
Urgência Médica Ocorrência de agravo à saúde com ou sem risco potencial de vida, que necessite de assistência médica em curto período de tempo para evitar complicações. Exemplos: fraturas, cólicas renais intensas, crises de asma, febre alta persistente, dores abdominais agudas.
A Resolução CFM nº 1.451/1995 estabelece os critérios técnicos para essa classificação, e o Conselho Nacional de Saúde Suplementar reconhece essas definições.
Prazos de Carência em Emergências: O Que Diz a Lei
A legislação brasileira protege especialmente os casos de urgência e emergência, estabelecendo prazos de carência diferenciados.
Carência Máxima: 24 Horas A Lei nº 9.656/98 e a Resolução Normativa ANS nº 428/2017 estabelecem que a carência máxima para urgência e emergência é de apenas 24 horas a partir da assinatura do contrato.
Cobertura Parcial Temporária (CPT) Mesmo em casos de doenças ou lesões preexistentes declaradas, o atendimento de urgência e emergência deve ser garantido, podendo haver limitação apenas ao atendimento ambulatorial nas primeiras 12 horas.
Importante: Após as primeiras 12 horas de atendimento, se houver necessidade de internação, o plano pode limitar a cobertura a 12 horas de internação em apartamento ou enfermaria, devendo então garantir a remoção para a rede pública.
Atendimento nas Primeiras 12 Horas: Direito Incondicional
Um dos direitos mais importantes do beneficiário é o atendimento obrigatório nas primeiras 12 horas de qualquer situação de urgência ou emergência, independentemente de qualquer condição.
Isso significa que:
Não importa se você acabou de assinar o contrato
Não importa se existe doença preexistente declarada
Não importa se há carência em andamento
Não importa a segmentação do plano contratado
O plano deve prestar o atendimento inicial de urgência ou emergência.
Cobertura Completa em Emergências: Quando é Obrigatória?
Após o período de carência de 24 horas, o plano deve garantir cobertura completa e integral de todos os procedimentos necessários em casos de urgência e emergência:
Atendimento Ambulatorial Completo Consultas, exames, procedimentos diagnósticos e terapêuticos necessários para estabilização do quadro clínico.
Internação Hospitalar Integral Se o plano possui segmentação ambulatorial + hospitalar ou referência, deve cobrir a internação pelo tempo necessário, incluindo UTI se for o caso.
Procedimentos Cirúrgicos de Urgência Cirurgias emergenciais devem ser autorizadas imediatamente, sem qualquer tipo de limitação ou restrição.
Medicamentos e Materiais Todos os medicamentos, materiais, órteses e próteses necessários durante o atendimento emergencial devem ser cobertos.
Exames Complementares Qualquer exame necessário para diagnóstico ou acompanhamento da emergência deve ser autorizado prontamente.
Quando o Plano Pode Negar Atendimento de Emergência?
A resposta é simples e direta: praticamente nunca. As situações em que o plano pode limitar o atendimento são extremamente restritas:
Limitação Legal Permitida Apenas após as primeiras 12 horas de atendimento, e somente se:
O beneficiário está em Cobertura Parcial Temporária (doença preexistente)
Já se passaram 12 horas de atendimento
Há necessidade de internação
Mesmo nessa situação, o plano deve garantir a remoção adequada para a rede pública de saúde.
Negativas Abusivas Comuns São consideradas práticas abusivas e ilegais:
Exigir períodos de carência superiores a 24 horas
Negar atendimento nas primeiras 12 horas por qualquer motivo
Recusar procedimentos necessários durante emergência
Impor limitações não previstas em lei
Exigir autorização prévia em casos emergenciais
Plano Ambulatorial em Emergências: Qual a Cobertura?
Beneficiários que possuem apenas plano ambulatorial têm direitos específicos em emergências:
Cobertura Obrigatória
Atendimento em pronto-socorro
Consultas de emergência
Exames necessários para diagnóstico inicial
Procedimentos ambulatoriais de urgência
Observação em leito de emergência por até 12 horas
Limitação Legal Se houver necessidade de internação após as 12 horas iniciais, o plano ambulatorial não é obrigado a cobrir, devendo encaminhar o paciente para a rede pública.
O Que Fazer Quando o Plano Nega Atendimento de Emergência
Se você ou um familiar está passando por uma emergência médica e o plano nega atendimento, tome as seguintes medidas:
1. Documente Tudo Imediatamente
Registre o protocolo de atendimento
Anote nome completo e matrícula de quem negou
Guarde prints de conversas, e-mails ou mensagens
Grave conversas telefônicas (é permitido por lei quando você é parte)
Mantenha relatórios médicos detalhados
2. Busque Atendimento Particular se Necessário Em casos de risco de vida, não hesite em buscar atendimento particular. Você poderá solicitar reembolso posteriormente e indenização por danos morais.
3. Formalize a Reclamação Imediatamente após a estabilização do quadro:
Registre reclamação formal na ANS
Envie notificação extrajudicial ao plano
Reúna toda documentação médica
4. Busque Orientação Jurídica Urgente Um advogado especializado pode:
Obter liminar judicial imediata para garantir o atendimento
Buscar autorização judicial em poucas horas
Garantir o direito ao tratamento completo
Pleitear indenização por danos morais
Liminar Judicial em Emergências: Como Funciona?
Quando o plano nega atendimento de emergência, é possível obter uma decisão judicial em caráter de urgência, muitas vezes em questão de horas.
Tutela de Urgência O Poder Judiciário reconhece a gravidade dessas situações e concede liminares determinando que o plano autorize imediatamente o tratamento sob pena de multa diária elevada.
Documentação Necessária
Relatório médico detalhado
Comprovação da negativa do plano
Contrato do plano de saúde
Documentos pessoais
Tempo de Resposta Em casos verdadeiramente emergenciais, juízes têm concedido liminares em plantões judiciários, inclusive em finais de semana e feriados.
Indenização Por Negativa em Emergências
A negativa de atendimento em situações de urgência ou emergência pode gerar direito a indenização por danos morais, especialmente quando:
Situações Agravantes
Colocou a vida do paciente em risco iminente
Causou agravamento significativo do quadro clínico
Gerou sofrimento psicológico intenso ao paciente ou família
Ocorreu em momento de extrema vulnerabilidade
Foi reiterada mesmo após solicitações urgentes
Valores de Indenização Os tribunais brasileiros têm condenado operadoras a pagar indenizações que variam de alguns milhares a dezenas de milhares de reais, dependendo da gravidade do caso.
Diferença Entre Urgência e Emergência na Prática
Embora a legislação trate ambas de forma similar quanto aos prazos de carência, na prática hospitalar há diferenças importantes:
Classificação de Risco Os prontos-socorros utilizam protocolos de classificação de risco (como Manchester) que determinam a prioridade de atendimento:
Vermelho: Emergência - atendimento imediato
Laranja: Urgência - atendimento em até 10 minutos
Amarelo: Pouco urgente - atendimento em até 60 minutos
Verde: Não urgente - atendimento em até 120 minutos
Azul: Consulta - atendimento conforme ordem de chegada
Para o Plano de Saúde Independentemente da cor de classificação, todos esses casos são considerados urgência ou emergência para fins de cobertura obrigatória.
Mudança de Hospital Durante Emergência
Em situações emergenciais, você tem direito a escolher qualquer hospital da rede credenciada do plano, mesmo que não seja o mais próximo, desde que a remoção não coloque em risco sua saúde.
Transferência Entre Hospitais Se iniciou o atendimento em um hospital e deseja transferência para outro da rede credenciada, o plano deve autorizar, desde que haja:
Estabilidade clínica para a remoção
Disponibilidade no hospital de destino
Remoção em ambulância adequada
Hospitais Fora da Rede Em casos excepcionais onde não há hospital da rede disponível ou capaz de atender a emergência, o plano deve arcar com atendimento fora da rede.
Direitos do Acompanhante em Emergências
A legislação também protege o direito a acompanhante em internações de emergência:
Paciente Idoso (60 anos ou mais) Direito a acompanhante durante todo o período de internação, incluindo UTI, conforme o Estatuto do Idoso.
Crianças e Adolescentes Direito garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente a acompanhante em tempo integral durante internação.
Pessoas com Deficiência Lei Brasileira de Inclusão garante direito a acompanhante sempre que necessário.
Demais Pacientes Mesmo sem previsão legal específica, muitos hospitais e planos permitem acompanhante, especialmente em situações graves.
Prazos Que o Plano Deve Cumprir em Emergências
Autorização Imediata Não há prazo de autorização para emergências. O atendimento deve ser prestado imediatamente, sem necessidade de autorização prévia.
Resposta Sobre Cobertura Caso haja qualquer dúvida sobre cobertura, o plano tem no máximo 24 horas para posicionar-se, mas não pode condicionar o atendimento emergencial a essa resposta.
Remoção Para Rede Credenciada Se o atendimento iniciou fora da rede por necessidade emergencial, o plano deve providenciar remoção assim que houver condições clínicas, geralmente em até 24 horas.
Dúvidas Frequentes Sobre Emergências Médicas
Posso escolher qualquer hospital da rede em emergência? Sim, desde que a distância não coloque em risco sua saúde devido à gravidade do caso.
O plano pode exigir que eu ligue antes de ir ao pronto-socorro? Não em casos de emergência verdadeira. Você deve buscar atendimento imediatamente.
E se eu estiver viajando e tiver uma emergência? O plano deve cobrir emergências em todo território nacional, conforme abrangência geográfica contratada.
Preciso pagar algum valor na emergência? Não deve haver cobrança de coparticipação em atendimentos de urgência e emergência, salvo se expressamente previsto em contrato.
O que fazer se me cobrarem na emergência? Documente a cobrança, pague se necessário para garantir atendimento, e depois questione judicialmente para reembolso e indenização.
Posso ir ao PS por qualquer motivo? Tecnicamente sim, mas o plano pode questionar coberturas de atendimentos não urgentes ou emergenciais realizados em pronto-socorro.
Proteja-se: Conheça Seus Direitos Antes de Precisar
Não espere passar por uma emergência médica para conhecer seus direitos. Algumas medidas preventivas importantes:
Leia Seu Contrato Identifique quais hospitais fazem parte da rede credenciada na sua região.
Tenha Documentos Organizados Mantenha sempre acessíveis: carteirinha do plano, documento de identidade, CPF e comprovante de residência.
Conheça os Canais de Atendimento Tenha anotado telefones e aplicativos do plano para situações emergenciais.
Oriente Sua Família Certifique-se de que familiares próximos conhecem seus direitos e sabem como proceder.
Quando Buscar Orientação Jurídica
Procure um advogado especializado em direito da saúde quando:
O plano negar atendimento de urgência ou emergência
Houver imposição de carências abusivas
Você for cobrado indevidamente por atendimento emergencial
Houver demora injustificada em autorizar procedimentos urgentes
Sua saúde for colocada em risco por práticas da operadora
Você precisar de liminar judicial urgente
Nossa equipe está preparada para agir rapidamente em situações emergenciais, inclusive em plantões, para garantir seu direito à vida e à saúde.
Entre em contato imediatamente se estiver enfrentando negativa em situação de emergência. Cada minuto pode fazer diferença.
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